Após desistir de tentar a cirurgia de redesignação sexual (mudança de sexo) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a jovem de 21 anos, Clara Houri, decidiu apostar no financiamento coletivo para realizar o seu sonho, que custa, na rede particular, R$ 60 mil. Até o momento, Clara já conseguiu quase R$ 1 mil em pouco mais de dez dias de arrecadação.
“Eu sempre estive muito desconfortável com o meu corpo. E ao começar a minha transição, eu pude aos poucos me adaptar e me sentir mais feliz comigo mesma. Porém, algumas coisas os hormônios não resolvem, e uma delas é a questão da genitália. É frustrante quando seu corpo não está em sintonia com você, não tenho nem como explicar a sensação. É uma necessidade psicológica. Por favor, me ajudem a realizar esse sonho!”, diz a jovem na página do financiamento.
Segundo ela, a desistência de tentar a realização do procedimento pelo SUS se deveu à burocratização. “O SUS é muito burocrático, ficam muito tempo tentando provar que você é trans. Além da burocracia, a espera na fila é estimada em dez anos. Tenho uma amiga que está há 8 anos esperando e até hoje não foi chamada”. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), desde o período de implantação do processo cirúrgico pelo SUS, há oito anos, a quantidade de procedimentos realizados cresceu 33 vezes, saltando de 101 no primeiro ano para 3.440, em 2015. Até o mês de junho deste ano foram realizados 2.286 procedimentos. Em Belo Horizonte, foi implantado em 2014, o Ambulatório de Transexualidade do Hospital das Clínicas da UFMG. Contudo, o órgão ainda depende de autorização do MS para começar a realizar as cirurgias. No Brasil apenas instituições em São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco são autorizadas a oferecer a intervenção pelo SUS.
Houri explica que sua família não tem como ajudá-la financeiramente, e, que, por isso, recorreu ao crowdfunding. Mas também vai complementar a renda com o que ganha como garçonete em um restaurante de BH.
ATENÇÃO! Abaixo, para quem tem curiosidade, há um vídeo que mostra como é realizada a cirurgia de redesignação sexual (mudança de sexo). Mesmo sendo em animação, o vídeo pode chocar, assim, se não tiver problema aperte o play.